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“Em meio ao tratamento de diálise fui pedida em casamento pelo homem da minha vida”

A bióloga marinha Danielle Bastos, de 32 anos, é diabética desde criança e foi paciente de diálise. Após três anos na fila de espera, conseguiu realizar um transplante duplo:  rim e pâncreas. 

Aos nove anos, Danielle foi diagnosticada com diabetes tipo 1. Naquela época, no início dos anos 1990, o tratamento de diabetes no Brasil ainda não era tão avançado quanto hoje. Além disso, era muito difícil encontrar alimentos sem adição de açúcar.

Mesmo com as restrições, Danielle teve uma infância comum. “Nunca tive vergonha da minha condição. Por que teria? É parte de quem eu sou. Na escola me chamavam de Dani Diet. Os amigos ficavam até impressionados quando eu coletava o sangue para medir a glicose sozinha” relata Danielle.

Aos 10 anos, descobriu que tinha pedras na vesícula. “Mas o que é a vesícula para uma criança?” questiona. Na adolescência, teve uma fase rebelde, não tomava insulina e comia doces escondida. Nesta mesma época, entrou para a faculdade de Biologia. Vivia para estudar, pesquisar e se divertir.

Se formou, arrumou um trabalho, até que um relacionamento ruim afetou sua saúde. Foi quando começou a ter crises de pancreatite severas. “Eu tinha 26 anos. No meio do caminho me diagnosticaram com lúpus, fiz vários tratamentos e depois fui submetida a sessões de um tipo de quimioterapia, que é também um tratamento indicado para pacientes de lúpus. O diagnóstico estava errado e nada funcionou”. 

 

A notícia da insuficiência renal

No início de 2017, sua vida mudou completamente. Seus rins entraram em falência e o nefrologista lhe pediu para que se preparasse para hemodiálise. “Acredita-se que quem faz hemodiálise está destinado a viver conectado a uma máquina, sem liberdade. Não é verdade, depois que você se adapta à nova rotina a vida segue. Cada um encara seu diagnóstico de um jeito. Eu preferi ser positiva. Após este período inicial, percebi que era possível levar uma vida normal”.

O pedido de casamento

E então, em meio ao tratamento, foi pedida em casamento. “Richardson me considera uma mulher forte e não mede esforços para me agradar e me ajudar. Logo eu, que achava que ninguém ia me querer desse jeito, cheia de cicatrizes. Estamos juntos há seis anos, mas o casamento ainda vai demorar. Quero me formar, irei para o quinto período de Nutrição - minha segunda faculdade. Sonho em trabalhar na área de saúde renal”.

Danielle vê que as marcas no braço esquerdo são marcas de superação. Vontade de viver. Durante a diálise, fez o tratamento de hemodiafiltração (HDF), que filtra melhor o sangue e tem menos efeitos colaterais. O tratamento lhe proporcionou uma liberdade enorme. E, após três anos de espera na fila, realizou um transplante duplo: rim e pâncreas. Isso fez com que ela tivesse ainda mais qualidade de vida.

Ela relata que sempre lhe perguntam se diminuiu o ritmo de atividades por conta da saúde. A resposta é categórica: nunca. Saía para dançar nas baladas e viaja com seu noivo. Seguia uma vida de olho no futuro, sem olhar para trás ou se lamentar pelo que me aconteceu. “Agradeço todos os dias pela minha vida do jeito que ela é” finaliza Danielle.

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